Antes de começar a escrever o porque eu acho que ser um viajante te faz votar melhor, é necessário explicar que um viajante não é apenas aquele que deixa sua cidade ou país para conhecer um outro lugar, claro, esse é o primeiro passo, mas para ser um viajante é necessário muito mais que isso, do contrário você será apenas um turista.

Um viajante, além das fotos e dos monumentos que visita, procura também conhecer e entender um pouco da cultura e dos costumes locais, um viajante conversa sobre os mais diversos assuntos com outros viajantes de lugares completamente diferentes, compartilha sua própria visão de mundo e também aprende com a visão de mundo dessas outras pessoas.

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Resumindo, o que difere o viajante de um turista, é que o viajante se diverte, se emociona e aprende muito durante uma viagem, já o turista apenas se diverte.

A rotina quando não se está viajando

Quando não estamos viajando, normalmente estamos dentro da nossa rotina. Vamos ao trabalho ou a escola, conversamos com as mesmas pessoas e na maioria das vezes essas conversas são bem superficiais.

Sempre os mesmo colegas, quase sempre os mesmos papos.

Quando não estamos no trabalho ou na escola saímos para os mesmos bares, shoppings, festas e estamos sempre com aquele mesmo grupo de amigos. Já conhecemos a maioria de suas opiniões, experiências e não há muita novidade nas conversas, não que isso seja ruim, esses amigos te ajudam a se desconectar dos problemas do dia a dia e trazem consigo diversão e um pouco de conforto mental.

Além das relações humanas repetidas a rotina também te faz viver um pouco no automático, você continua fazendo o mesmo trajeto para alguns lugares, comendo a mesma comida de sempre, vendo os mesmos programas na TV ou no youtube. A rotina nos faz pensar menos.

A rotina quando se está viajando

Pra começar esse subtítulo nem faz muito sentido, afinal, é difícil ter uma rotina durante uma viagem. Você está em um lugar desconhecido, não conhece absolutamente ninguém e muitas vezes nem domina o idioma falado naquele lugar, você precisa se colocar em situações de desconforto para seguir viagem, e só isso já te faz ver o mundo de outra forma.

Tem experiências que não adianta ter através de vídeos ou livros, é preciso vive-las.

A partir do momento que você precisa sair da sua zona de conforto que o viajante e o turista se separam. O turista irá procurar algo que lhe traga o mínimo de conforto novamente, já o viajante não, ele abraça esse desconforto e tentar aprender e se divertir com ele.

Prefere usar o transporte público local ao invés de recorrer ao taxi, encara até uma caminhada de 2 ou 3 km que ele não faria de jeito algum no seu dia-a-dia. O explorador e observador que existe dentro de ti se liberta e toma conta do seu corpo e te faz agir de uma maneira diferente do normal.

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Você repara que não há fila para idosos em alguns lugares, você repara que mesmo com um estacionamento vazio há carros parados bem longe da entrada principal. Você repara em coisas que nunca tinha parado pra observar na sua cidade natal e começa a se questionar, será que na minha cidade é assim também?

Você conversa com o garçom, com a recepcionista, com outros viajantes e começa a descobrir que cada um tem um ponto de vista sobre as coisas e que aquele estereótipo que você tinha sobre uma raça ou religião não faz o menor sentido.

Essas coisas fazem você começar a questionar as suas próprias opiniões, o que outras pessoas falavam a respeito e até o que você assisti na televisão.

Mas porque ser um viajante é importante na hora de votar?

O viajante questiona, é curioso, ele quer saber o que as outras pessoas pensam e ele aprende a cada vez mais se colocar no lugar das outras pessoas. Ele viaja não só pela paisagem, mas também pela troca de experiências constante que acontece durante a viagem.

Numa dessas troca de experiências ele pode conhecer alguém que vive em um país sem corrupção, onde um médico frequenta o mesmo hospital que a faxineira, pode conhecer alguém que teve um familiar vítima do nazismo. Ele pode aprender como é a vida de um imigrante indiano em Londres, pode ter contato com uma religião totalmente diferente da sua e descobrir que ela não é terrível como você imaginava, pode perceber que existem lugares onde duas pessoas do mesmo sexo andando de mãos dadas na rua são respeitadas como qualquer outro casal.

A gente sempre aprende mais quando quebra preconceitos e olha com carinho para outras culturas.

Muitos estereótipos e preconceitos caem por terra quando você passa a ver o mundo com os olhos de uma pessoa que tem uma experiência de vida totalmente diferente da sua.

Mas o que realmente faz a diferença e parar alguns minutos para refletir sobre todas essas experiências, ver o que você pode aprender com elas tentar trazer o que você aprendeu de melhor para a sua realidade.

É por tudo isso que ser um viajante te faz votar melhor e com mais consciência, você tem bagagem de vida para analisar as consequências que esse ou aquele político pode trazer pra sociedade, consequências que muitas pessoas da sua bolha simplesmente não conseguem ver pelo simples fato de não terem referências reais.

Você questiona mais, duvida mais e consegue analisar de uma forma muito mais imparcial o que está acontecendo, sem tanta influência da mídia ou de fanáticos. Você consegue ter uma visão mais limpa e ampla do todo.

Seja um viajante

Acabamos de ter o resultado das eleições para presidência no Brasil e apesar da guerra nas redes sociais, amizades desfeitas e muita relações quebradas a democracia foi feita, todos tivemos o direito de escolher, dentro das opções que tínhamos, aquele que melhor nos representava.

Mas independente se o seu candidato venceu ou não, procure ser um viajante nos próximos 4 anos, tenho certeza que além de muitas fotos lindas você viverá experiências únicas, aprenderá muito com a experiência das outras pessoas e consequentemente poderá basear suas opiniões em suas próprias experiências e não através de mídias manipuladas, fanáticos e fake news.

Quando você viaja você se liberta.

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